sexta-feira, 16 de maio de 2014

Te vi na TV

Eu estudei no prédio da TV Gazeta, estudei e trabalhei na Avenida Paulista e no centro de São Paulo. Assim sendo, é bastante aceitável supor que eu já apareci na TV como uma dessas pessoas que passam no fundo enquanto entrevistam alguém na rua - e tem também o show do Johnny Marr nesse último Lollapalooza, em que eu fiquei lançando olhares ameaçadores pra câmera toda vez que ela passava na minha frente, e isso talvez tenha ido ao ar, vai saber.

Mas a primeira vez em que eu fui a pessoa principal na frente da câmera foi, acredito, em 2004. Eu me lembro de uma parte e vou supor o resto, então acho que foi isso: eu e um amigo da faculdade estávamos no parque do Ibirapuera tirando fotos para algum trabalho de fotografia. Uma repórter, acho que da Record, nos abordou e perguntou se alguém queria responder uma pergunta. Eu ia dizer "não", mas meu amigo disse "sim" e eu só fiquei ali esperando. A pergunta era sobre uma greve de sexo da mulher do Schwarzenegger, à época governador da Califórnia. Acho que ela quis protestar sobre alguma coisa e disse que não ia transar com ele por algum período de tempo, e lembro que era um período bastante curto pra ser considerado protesto - tipo uma semana - e a pergunta era como a gente se sentiria se fosse o governator. Meu amigo deu uma resposta ponderada e correta, e beleza. Aí a câmera virou pra mim e a mulher perguntou "e você?". Eu achei que a entrevista era só com ele, fui pego de calças curtas e fiz alguma gracinha (claro) sobre como oh meu deus uma semana sem sexo quem aguenta isso. Como se os telespectadores não pudessem notar pela minha aparência que eu não era exatamente o comedor que minha resposta tentava transparecer.

Eu nem sei se isso foi ao ar, mas, pra todos os efeitos, perdi a primeira vez em que apareci na TV. O que é uma pena, porque deve ser legal, como na vez que meu primo apareceu na novela das 9 e eu não fazia ideia e de repente tava a cara dele gigante na tela e eu saí correndo pela sala gritando "meu deus meu deus por que eu estou assistindo a novela".

Mas haverá uma segunda vez para eu me envergonhar em rede nacional e, coisas do destino, eu não vou ver também. Basicamente é isso: tem a banda que eu estrago, e a gente vai se apresentar num programa que eu nunca ouvi falar de uma emissora que eu tive que procurar no Google pra saber se existe mesmo (existe). A gravação dar-se-á em alguns dias, e não sei exatamente quando vai ao ar, mas é provável que seja no meu período além-mar - e, de qualquer forma, não tem essa emissora na Net. Claro que dessa vez a vergonha vai ser maior porque 1) eu vou aparecer cantando - e eu canto mal, 2) eu vou aparecer tocando - e eu toco mal, e 3) minhas letras vão terminar de contradizer minha entrevista de 10 anos atrás. Ou seja: absolutamente imperdível.

Sorte da vida (e azar o meu) que hoje existe Youtube e provavelmente teremos tal evento nos servidores do Google para os meus bisnetos verem e pedirem a mudança do sobrenome. Isso se, depois dessa, eu ainda vier a ser pai. Mas vocês fiquem tranquilos: pra quem já foi na pediatra aos 25 anos só pra poder ter assunto pro blog (e porque minha mãe mandou), certamente meus vídeo-constrangimentos não passarão impunes nesse espaço virtual. A menos que eu toque tudo direitinho, mas sejamos realistas.

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