sábado, 22 de março de 2014

Ao contrário do Bruno de Luca, eu não tenho um programa de viagem

Dois meses atrás, num acesso de coragem e desapego pelo dinheiro e pelas obrigações, comprei ingressos para três dias de um festival em Barcelona no fim de maio. Comprei os ingressos, comprei as passagens, reservei o hotel e molhei o carpete do escritório com minhas lágrimas num emocionante pedido de uma semaninha de folga para o meu chefe (que gentilmente liberou, o que me deixa em débito com eles e pode se voltar contra mim, quando por exemplo me pedirem um dia pra fazer as minhas tarefas ao invés de ficar vendo os posts antigos do AjudaLuciano). Estou com tudo pronto, então, para molhar meus pezinhos no Mar Mediterrâneo uma quinzena antes de começar a Copa - ou seja, dá tempo de vir pintar as calçadas de verde e amarelo, o que eu não perderia por nada.

...Só que, né, também não estou tão pronto assim. Depois desse pulsar de determinação e foco nos objetivos, eu voltei a ser eu mesmo e não fiz mais nada. Não comprei euros, não aprendi espanhol nem catalão (apesar de que esse se parece com português dito por alguém com a boca anestesiada), não planejei meus passeios pela cidade, nem liguei ainda na Decolar.com pra perguntar qual foi a mudança no horário do meu voo que eles anunciaram um tempão atrás. Pior, nesse meio tempo ainda inventaram uma iminente guerra no leste europeu e um avião desapareceu sob a suspeita de sequestro terrorista, o que não é um fato que favoreça minha pele marrom, minha barba negra e minhas profundas olheiras. Além disso, pra passar uma semana lá eu precisarei deixar meu coração em São Paulo. Não que eu vá sentir falta desse inferno, é que o Jesus and Mary Chain toca de graça aqui bem no fim de semana em que eu aterrisso lá. E vai que eu fico tão tocado com essa partida que resolvo desembarcar lá cantando "I wanna die just like Jesus Christ", isso não há de me ajudar muito.

Mas, mesmo assim, estou empolgado. E há de ser uma boa experiência para esse blog, ser escrito em outro hemisfério, outro continente, ¡otro idiuema! (preciso treinar um pouco ainda). E, se não quiserem me deixar entrar por acharem que eu sou terrorista, que essa próxima frase seja um atestado da minha inocência: senhores agentes da imigração espanhola, saibam que tenho tanto medo de bombas que só explodiria uma se não tivesse que viver pra ver o resultado depois.

Acho que agora eu tô garantido.

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