quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

When I'm 25

No último 19 de dezembro meu pai completou 50 anos. Hoje eu faço 25. Não sei se você é um desses tapados em matemática, mas te ajudo: eu tenho hoje a idade que ele tinha quando nasci.

Quando se é uma pessoa que teve acesso a educação e a essa bobagem toda, é natural ter como principal meta de vida construir uma carreira, encher o cu de dinheiro, ficar chato e vazio. Quando não, o negócio é formar uma família mesmo. Então, aos 25 anos, meu pai cumpriu o que tinha que cumprir no praneta: tava casado e tinha uma criança linda (que acabou virando essa desgraça que eu sou hoje). Depois ainda nasceu meu irmão, mas em 85 ele já podia dizer que tinha uma família.

'Ai, caralho, agora ele vai ficar com esse negócio de falar que não tem família nem carreira e é um perdedor patético e não sei o que'. Nããããão senhor! Já que tem essa onda de reavaliar a vida a cada aniversário (e virada de ano, mas como o meu fica próximo eu guardo pro aniversário), eu quero é chamar meu pai pra uma batalha Pokémon disputa amigável sobre o primeiro quarto de século de cada um.

Olha só, aos 25 anos...

  • ... ele já tinha encontrado o amor da vida, casado e colocado uma bola na rede. Eu não encontrei, não casei e, queira deus, errei todos os chutes. Ponto pra ele.
  • ... ele era alcoólatra e fumante inveterado. Eu não sou dependente químico, ainda que talvez meu nível de apreço por Trakinas de morango e Coca-Cola possa ser considerado um pouco acima do saudável. Anyway, ponto pra mim.
  • ... ele já tinha claros sinais de calvície atropelando, mas nessa época tinha mais cabelo que eu. Ponto pra ele.
  • ... ele havia fugido da escola no então segundo colegial. Eu terminei o ensino médio e sou graduado em Publicidade e Propaganda. Ponto pra ele.
  • ... ele não tinha nem casa, nem carro, nem nenhum bem de valor. Eu tenho um monte de video games e um baixo Fender (Squier, mas vá lá), o que é melhor que nada. Ponto pra mim.
  • ... ele tinha sido fixo do grande Ajax da Vila Miriam. Eu nunca joguei em nenhum time de prestígio, mas também fui defensor por aí, e dos quase bons (não dá pra ser um zagueiro muito bom com 1,75 m e 56 kg, né). Empate.
  • ... ele tinha visto o Queen no Morumbi. Eu vi o Dylan e o Radiohead. Ponto pra mim, por pouco.
  • ... ele não tinha Twitter. Ponto pra ele.
  • ... ele tinha visto Pelé jogar. Eu vi o Richarlyson. 50 pontos pra ele.
  • ... ele passou pela chegada do homem à Lua, pela ditadura militar e pela morte do Elvis. Eu passei pelo E.T. de Varginha, pelo impeachment do Collor e pela morte do Michael Jackson. Ponto pra mim, porque o E.T. de Varginha chuta bundas.
  • ... ele foi circuncidado com uma gilete. Eu, pelos meios tradicionais e seguros. 50 pontos pra mim.
Disputa acirrada, senhoras e senhores, com um emocionante empate meu no finalzinho, depois de estar perdendo por 50 pontos de diferença. Eu sou o cara da virada, eu sou o cara do amor, parodiando a canção.

Tá, ponto pra ele.

    5 comentários:

    Edu Melo disse...

    Que história é essa de cincuncidado? Não tá falando de fimose?

    Marina disse...

    "... ele havia fugido da escola no então segundo colegial. Eu terminei o ensino médio e sou graduado em Publicidade e Propaganda. Ponto pra ele."

    Embolei de rir aqui.
    Feliz aniversário!

    Ana disse...

    Feliz aniversário, pela 3ª vez essa semana...

    Ps.: se esquecer do meu, FICARÁ 3 HORAS NO C3 DA PRÓXIMA VEZ (ok, SE HOUVER PRÓXIMA VEZ).

    Thiago Padula disse...

    Fimose é o nome do, ahn, capuz. Circuncisão é a cirurgia que retira o, ahn, capuz.

    Obrigado pelos felizes aniversários ;)

    Renato Sansão disse...

    Parabéns meninão!!!!!!!
    ahn..

    "ele tinha visto o Queen no Morumbi. Eu vi o Dylan e o Radiohead. Ponto pra mim, por pouco."

    Empate hem??